"A Herança"

Ontem fui assistir à gravação deste programa. Para quem não sabe passa quase diariamente na RTP depois do Telejornal ou da Contra-Informação. Digo "quase diariamente" porque quando há futebol ou emissões especiais lá para os lados do Parque das Nações devem pensar "que se lixem os espectadores atentos deste programa. Vamos mas é alimentar audiências". Sim, porque estes senhores são a televisão do Estado, mas para eles Serviço Público também depende de receitas de publicidade e de audiências bem elevadas. Além disso, o "quase diariamente" também se aplica aos fins-de-semana isto porque nuns dá e noutros nem por isso e lá andamos nós a ver o teletexto ou a consultar esta página ou os jornais e revistas para perceber de quem é o engano. Devo dizer que normalmente não chegamos a conclusão nenhuma, porque os critérios são perfeitamente arbitrários e desconhecidos (acho que até para os senhores do referido canal de TV). Adiante...

Voltemos então à dita gravação. Fui até lá a convite de um amigo que estava na iminência de ser concorrente. Tudo dependia do facto de a concorrente da sessão anterior vencer ou não. A senhora venceu e o meu amigo passou da condição de suplente à de concorrente. O nervoso aumentou, mas com a minha larga experiência nestas coisas (fui uma vez ao "Quem Quer Ser Milionário?", falarei disso por aqui noutra altura) aconselhei-o a ter calma e a tentar agir naturalmente. Lá foi o rapaz para a maquilhagem (uau! não passa de colocarem um pouco de base para retirar os brilhos) e depois para o estúdio. Aos acompanhates foi dito que deveriam esperar mais um pouco. Fiquei com a irmã do B. que estava, seguramente, muito mais nervosa que ele. Até parecia que era ela que ia responder às perguntas no concurso.

Vamos então àquilo que retive da minha experiência como acompanhante (isto é estranho lol) de um concorrente de concurso de televisão. Por pontos que é mais fácil e assim não me esqueço de nada:

Pontualidade: não houve. Segundo nos explicaram ocorreu um problema com as câmaras que atrasou tudo em cerca de uma hora, uma hora e meia. Very portuguese! Foi-nos dito que nunca tinha acontecido. Acreditámos e esperámos. Finalmente, lá começou (hora e meia depois da hora marcada).

Estúdio: não fica nas instalações do canal público de televisão, fica para os lados de Sintra e é pequeno. Desenganem-se os que pensam que a RTP tem uns estúdios enormes e espectaculares. Não é uma sala grande, mas a magia da televisão faz parecer que sim. Há fios por todo o lado, as chamadas entranhas da televisão, mais cabos, cameras, luzes, botões e pessoas a correrem de um lado para o outro a fim de se assegurarem de que tudo vai correr bem.

Apresentador: gosto do trabalho do Malato há alguns anos. Ultimamente, sou mais sua espectadora do que ouvinte. Mantém um low-profile e tem uma atitude simpática e bem disposta com todos: concorrentes e público. Não me surpreendeu e só o vi a queixar-se do calor do estúdio. Quando as queixas aumentavam alguém da produção aparecia com uma ventoínha que colocava à sua frente aliviando assim um pouco o apresentador. Quem pode, pode! :-)

Tempo de gravação: demasiado para um programa que dura tão pouco. Mas (e isso eu já sabia) é necessário fazer testes de som, arranjar o cenário e mudar os todos os acessórios que fazem parte de cada fase do concurso. Estas são tarefas que demoram algum tempo e que fazem com q a gravação acabe por durar cerca de uma hora ou ligeiramente mais.

Público: ahhhhhhhh, sobre esta questão não me vou alongar muito. Até porque acho que demasiado longo já vai este post. Ali estão pessoas com ar triste cuja a profissão é bater palmas ou fazer figuração em programas de televisão, seja para que canal for. Actualmente, opta-se por públicos fixos, o que na minha opinião dá demasido "à vontade" aos seus elementos para fazerem as graçolas que querem e lhes apetece pelo simples facto de se sentirem em casa. Pois bem, as piadas lançadas pelo público nas paragens das gravações ou mesmo durante o concurso eram de mau gosto, baixo nível e sem qualquer relação com o que se está a passar. Mas... é o público que temos.

Foi assim esta minha passagem pelos bastidores da televisão portuguesa.

Beguinha, espero que a tua curiosidade tenha ficado satisfeita.

Saudações virtuais