Mais uma vez...

... não estava lá. Saiu e olhou. Já não se lembrava de quando tinha começado este ritual. Tantos carros e nenhum era o que procurava. Sempre a mesma coisa. Observou atentamente, afinal estava sempre com esperança. Nada de novo. Um dia havia de estar ali à sua espera para conversarem, levá-la a passear, a ver o rio ou, simplesmente, a casa. Não queria perder a esperança, porque era ela quem lhe dava algumas forças para enfrentar o dia-a-dia. Os problemas, os obstáculos e as situações menos agradáveis com as quais se deparava. Verificou, mais uma vez, o telemóvel. Podia ter visto mal e ter alguma mensagem. Nada. As forças estavam cada vez mais fracas e as lágrimas eram agora uma presença quase constante. Amar é bom mas assim parecia um desperdicío de sentimento, foi o que pensou quando voltou a procurar o vulto que tanto ansiava encontrar. Em vão... Não estava ainda destinado que assim fosse, pelo menos naquele dia. Caminhou lentamente na direcção do seu carro, porque de repente a sua vontade poderia tornar-se realidade. Mas não. Abriu o carro. Entrou. Sentou-se. Ligou a ignição e foi-se embora com um sorriso expectante na face... Quiçá um dia... A dita esperança não podia morrer, pelo menos por enquanto. Porque a alimentava diariamente. A vida continuou. Mas, mais uma vez...


Saudações virtuais