domingo, janeiro 25, 2009

Dar aulas, formação ou ensinar


Não sei de onde nasceu a ideia de que qualquer pessoa sabe ensinar e de que qualquer um pode dar aulas ou formação desde que esteja dentro do assunto ou trabalhe directamente na área. Quanto a mim são todas afirmações erradas e que devem ser ponderadas quando se decide transmitir conhecimentos a alguém. Principalmente, se se vai falar para um público que desconhece determinado assunto. Nesse caso todo o cuidado é pouco. Porquê? Porque o querer nem sempre é poder e aquilo que poderia ser uma boa acção pode, eventualmente, tornar-se numa sessão aborrecida, sem interesse e onde a aprendizagem, isto é, o objectivo da acção, fica perfeitamente perdido em prol de uma perda de tempo e de uma sensação de vazio no final da suposta aula ou acção de formação.

Vem a este tema a propósito devido ao facto de ontem ter ido a uma "suposta" acção de formação. Fui como assistente e já conhecedora do tema a tratar, uma vez que se trata de um assunto com o qual lido no dia-a-dia há cerca de um ano e meio. Ainda assim, acho que há sempre muito para aprender e o saber, realmente, não ocupa lugar. Portanto, na companhia de uma amiga, dirigi-me ao local onde o evento se ia desenrolar. A audiência era fraquinha, mesmo com a muita divulgação que a formação teve, estavam interessadas em saber algo mais sobre a temática apenas duas pessoas. Sentámo-nos e ali ficámos a ouvir ou será melhor dizer a levar as mãos à cabeça? Acho que é mais isto sim, acho não, tenho a certeza. Estávamos horrorizadas. Imaginem o vosso primeiro dia de escola, e iamginem ainda que a professora ou professor vos dá para ler uma coisa simples: "Os Lusíadas" do grande Luíz Vaz de Camões. Foi mais ou menos isso, mas em pior, porque não havia fio condutor, a formadora não mostrava segurança, saltava de assunto para assunto sem terminar o anterior e explicou aspectos que são básicos para um conhecedor da matéria, mas que confundem e baralham quem ainda não está dentro da área. Se eu não conhecesse já o assunto em questão, garanto-vos, que não era com esta pseudo-ajuda que ia querer conhecer, antes pelo contrário. A sorte foi estar presente uma pessoa que realmente sabia o que era necessário explicar e que, de quando em vez de uma forma educada, intervia alertando para alguns pontos que não podiam deixar de ser referidos. A formadora não gostou muito, mas azar o dela, porque foi a única forma de aquele convento se safar numa primeira fase.

A segunda parte correu bem melhor, mas foi mais curta, muito mais curta infelizmente. No entanto, a segunda oradora soube falar daquilo que a tinha ali levado e isso foi importante. No final a primeira formadora, arrumou as suas coisinhas e foi à vidinha dela e a segunda e a de emergência ficaram a dar esclarecimentos adicionais. Esta foi a diferença entre o mau e o bom.

Pode ser o meu mau feitio, pode ser o facto de ter crescido entre bons professores e de ter alguns entre os meus amigos e até das saudades que tenho de alguns excelentes professores com quem tive a honra de aprender muitas das coisas que sei hoje, mas a verdade é que isto de ensinar não é para todos. Ensinar não é aparecer, ensinar é ser responsável pelos conhecimentos que alguém adquire sobre determinado assunto que devemos dominar. Ensinar é uma arte e é também um dom. E ensinar bem é das coisas mais complicadas que há, no entanto possíveis. Ontem não se pedia o possível, mas pelo menos o smínimos necessários para ir aos Jogos Olímpicos. :-) Eu que estava naquela plateia de pouca gente senti que ali não se aprendeu nada e até como conhecedora do assunto me vi a desaprender algumas coisas. Ainda bem que o meu bom, senso imperou e fiz um intervalo caso contrário lá tinha trazido desaprendizagem para casa. Cruz, credo!!!

Saudações virtuais

1 comentário:

Rosa disse...

Ensinar, de facto, não é para qualquer um. E vai muito além de se ser um perito na matéria.