"Sabia que não era de propósito, mas a verdade é que estava a acontecer todos os dias. No dia em que a sua vida deu uma volta de 180º graus pensou que todos iam compreender as novas circunstâncias. Não compreenderam e, embora soubesse que não agiam por mal, sentia-se magoado e ofendido no seu mais profundo ser. Não podia dar passos tão grandes, não podia acompanhar aquele ritmo. A vida tinha-lhe roubado sonhos, tinha-lhe retirado o chão debaixo dos pés e estava numa fase em que começar de novo, quando deveria estar a assentar, era das tarefas mais complicadas que alguma vez tinha enfrentado. Sonhos adiados por tempo indeterminado perseguiam-no todos os dias e, às vezes, a todas as horas. Queria (re)erguer-se e os obstáculos continuavam a elevar-se. Quando pensava que as coisas iam começar a melhorar lá lhe caía mais um pedaço do mundo em cima. A derrocada total acontecia, o colapso das mais recentes, ainda que pequenas vitórias, era evidente e começar tudo de novo era, sem dúvida, o mais complicado. No meio de tudo o que mais lhe custava era aquilo que os outros não viam e logo aqueles que deveriam ver melhor, que deveriam estar mais atentos. Se ao menos os mails parassem, se ao menos pensassem o quanto certos detalhes o derrubavam ainda mais, se ao menos aquele egoísmo involuntário não acontecesse. Enfim... seria uma questão de dias até que tivesse de o dizer e esperar pelos resultados. Até lá, ia continuar a (re)erguer sonhos e a tentar encontrar o chão debaixo debaixo dos seus pés, pois só assim conseguiria continuar a caminhada para um dia voltar a sonhar e a concretizar sonhos. Um dia.... sem dúvida lá retornaria. Agora só pedia paz, muita, e sossego, muito também."
(texto guardado na gaveta há dois/três anos)
Saudações virtuais
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