Dia 1
Visita ao Palácio Real de Espanha. Vale a pena! Tectos fabulosos, peças extraordinárias e os primeiros Stradivarius que vi ao vivo e a cores. Que honra! Adoro o som de um violino e estar perante estas obras-primas foi magnífico! Ainda vimos a mesa (que dá para 150 pessoas) onde o nosso Presidente da República iria jantar na segunda-feira seguinte. Depois desta visita e de admirar muitos dos espectaculares edifícios maravilhosamente recuperados das calles madrilenas regressámos ao hotel para descansar. O movimento que testemunhámos revelou-nos que algo de especial e diferente se passava naquelas ruas. A rua do hostal estava inundada de uma mancha humana e a música bombava de um palco colocado praticamente em frente à nossa varanda. Quando subimos aos quartos e acendemos a televisão tudo foi explicado. Madrid recebeu pela primeira vez, naquela noite, la noche en blanco. Uma iniciativa cultural que abriu as portas dos museus até de madrugada, responsável pelo encerramento ao trânsito de algumas ruas (Gran Via incluída) e que conferiu à cidade uma cor e um movimento muito surpreendentes. Aguardámos impacientemente os restantes quatro elementos do grupo que apenas viajaram neste dia. Lá chegaram para grande alegria nossa. Jantámos no Circus: nooddles muito bem cozinhadas e com acompanhamentos ao gosto de cada um. Depois seguimos para a movida, não todos, mas quase, que o cansaço não perdoa.
Dia 2
Alvorada às 11 (10 h em Portugal). Depois do desayuno tomámos o nosso rumo. Destino: Rastro. O que é? Um mercado típico, o Rastro está para Madrid como a Feira da Ladra esta para Lisboa e acho que fica tudo explicado. E como um mercado é um mercado não há muito mais a acrescentar. Almoço? Konopizza e acho que a foto diz tudo. Ao final da tarde muda-se o rumo e seguimos todos para o Retiro, um grande parque no meio da cidade com um lago enorme onde se podem dar umas voltinhas em barcos a remos. Oportunidade ainda para assistir a um mini-concerto de djambes e bombos. Diz quem sabe que quando o tempo está bom juntam-se ali algumas dezenas de improvisadores e músicos e o espectáculo é um luxo. Estava fresco nesta tarde de domingo. Ainda assistimos a uma entrega de prémios de pintura de um concurso que tinha havido durante a tarde sob a temática do parque. Um local muito agradável para um final de dia numa cidade movimentada e cheia de ritmo. Seguiram-se umas belas pastas no Wagaboo. Aqui assistimos à confecção em directo das massas que depois encantaram os nossos olhos e os nossos estômagos. E de seguida, nada de novo, a movida chamava por nós a plenos pulmões e para não a desiludirmos lá fomos dar mais um ar da nossa graça e dançar até os pés e o corpo pedirem descanso.
Dia 3
A responsabilidade laboral fez com que um dos elementos deste animado grupo regressasse a Lisboa. E o nosso quarto ganhou um novo hóspede. Reduzidos a sete, mas nem por isso menos animados iniciámos um périplo cultural. Com ânimo, boa disposição e energia fizemos todo o Paseo do Prado e só parámos à entrada do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia. Na ala dedicada ao grande Pablo Picasso eis que nos deparámos com a magnitude e a monstruosidade que é a Guernica. Confesso que não sou grande fã deste pintor (a não ser na sua fase de impressionista), mas este quadro corta a respiração a qualquer um principalmente se nos lembrarmos da sua temática. Também nesta ala pudemos observar diversos estudos desta obra como cabeça de cavalo ou mulher a chorar com filho morto nos braços. Neste museu foi possível ainda admirar obras do não menos grande Miro e de Dali entre outros pintores e escultores mais modernos e contemporâneos cujas obras nos encantaram mais ou não, consoante os gostos de cada um. Com uma vigilância apertadissíma foi dificílimo tirar algumas, fotos mas como fazemos parte do grupo “os melhores” conseguimos trazer alguns registos como recuerdo. Cerca de três horas depois de termos entrado no Museu saímos em direcção à estação da Atocha. Merece ser visitada esta estação, é uma verdadeira estufa com variadissímas espécies diferentes de árvores e plantas. Um encanto! Com uma refeição tomada em pela selva urbana continuámos o nosso passeio por ruas secundárias que nos deram a conhecer mais alguns edifícios muito bem recuperados e cujos nossos olhos se regalaram a observar. Ao fim da tarde dividimo-nos em três grupos, porque havia interesses diferentes em jogo e “amigo não empata amigo”. O reencontro deu-se à hora do jantar e o destino foi o Bazaar. Sobre este restaurante alguns reparos: decoração fashion e ambiente encantador, mas o conceito (amiga E. esta palavra é especialmente para ti) nouvelle cuisine levado ao limite deixou-nos a pensar que aquilo não passavam das entradas. Valeram-nos as sobremesas que eram fantásticas, nomeadamente a da Sister San tão bem descrita aqui. Depois fomos abanar os corpos para a movida, porque não queríamos deixar os nossos créditos por mãos alheias. Grande notícia do dia para nuestros hermanos: Dona Letizia embaraçada outra vez! Foi a loucura nos telejornais espanhóis.
Dia 4
O dia JM, mas sobre isso já eu disse muito nestes posts e confesso que muito mais haveria para dizer. Dia calmo e tranquilo: primeiro, porque estávamos estafados dos dias anteriores e segundo, porque se avizinhava uma noite muito agitada. Foi o dia das lojas e das compras e pouco mais. Depois de um jantar de pitta shoarma e de uma mini-viagem de Metro lá fomos para o CONCERTO. Após este grande evento o quarto do hostal e a cama eram os locais mais desejados. Eu ainda tive a sorte de receber uma maravilhosa massagem nos pés (obrigada!) que me embalou para uma excelente noite de sono.
Dia 5
O derradeiro dia de férias. Tralha dentro das malas e contas feitas, mas ainda tempo para passear. Depois de comer a bela da paella tempo para um saltinho ao Museo Nacional del Prado. Enquanto o primeiro grupo de viajantes se colocou a caminho de Portugal, três resistentes ainda ficaram mais umas horinhas em terras madrilenas. Um dos resistentes foi ver lojas e eu e a E. lá fomos ver “As Meninas” de Vélasquez. Com pouco tempo é impensável imaginar que se pode ver muita coisa num museu com um espólio tão vasto como o Prado. Digamos que espreitámos alguma coisa e abrimos o apetite para outra visita com mais tempo. O primeiro piso ainda teve a nossa atenção com algum detalhe, mas no segundo procurámos apenas as obras mais emblemáticas e tivémos de ir embora. “As Meninas” de Velásquez e a “Madja desnuda” e a “Madja vestida” de Goya ficaram nas nossas memórias e no registo fotográfico. É que ao contrário das regras do outro Museu, neste as fotos não são proibidas e o limite é a imaginaçao. De regresso ao hostal e à companhia do nosso terceiro elemento dirigim-nos ao nosso meio de transporte e apanhámos a estrada que nos trouxe para os caminhos da nossa terra.
Foram cinco dias interessantes, fantásticos e que deixaram muita vontade de voltar. O regresso está prometido, qualquer dia marca-se. Afinal são só seis horas de viagem e a gasolina até é mais barata do lado de lá da fronteira.
Saudações virtuais NB – Obrigada Sister San pelos links (grande parte)!
9 comentários:
E eis que, de férias, sou agradavelmente surpreendida com uma viagem como nunca antes fiz na minha vida. Quase, quase como se tivesse lá estado também... Para a próxima posso ir na bagageira? Eu nem ocupo muito espaço nem nada :P!
Depois de um fim-de-semana sem net e uma tarde inteira a apanhar bolas de esferovite que forravam o chão do meu quarto, sabe bem chegar aqui e viajar... na cidade e principalmente através das palavras!
Fica bem e... inté!
De nada cariño, sempre às ordens!! Gostei muito do relato e das fotos, é bom ler outras perspectivas de uma mesma viagem, de "ver" com outros olhos!!!
Foi bom "fazer" contigo esta viagem. Os pormenores, os factos, a emocao, faz-me sentir como se tivesse vivido cada momento.
Obrigado pelo relato e votos que viagens como esta se repitam muitas vezes!
Beijinhos :)
Espero ter oportunidade de conhecer muito em breve.
scorpiowoman,
então foram férias dentro de férias e quem sabe não te abri o apetite para um passeio diferente. Continua bem!
sister san,
no fundo são duas perspectivas que mostram que houve prazer, diversão e alegria nesta viagem. Por falar nisso vou ali espreitar o relato da minha "mãe"! lol
mamaíta,
dois comentários que aguçam o apetite dos leitores fazem-me pensar que devo investir mais nesta temática das viagens. :-) um tema muito do meu agrado!
susana guereiro,
vale a pena, posso garantir-te! posso ir contigo? :-)
Belo relato, grandes dias, sim senhor! Foi bom voltar a reviver um pouco tudo isso e as fotos (uma delas fui eu que tirei!) estão muito giras. Agora hay alla una gran gaffe: a feira da Brandoa lá do sítio chama-se Rastro e não Rasta lol Mas, pronto, eu deixo-te baptizá-lo assim lol
lbg,
sim, tem um belo enquadramento. Não sei do que falas, vai lá ver de novo. Põe-te com esses comportamentos e para a próxima ficas como hóspede no corredor. ;-)
Também por lá andei há já muitos anos, mas não consegui ver nem metade do que tu viste... No trajecto de carro passei por Salamanca, Ávila e o Escorial. Lembro-me que a tal viagem dava quase para escrever um livro, tamanhas foram as peripécias... Talvez um dia regresse a Madrid para a apreciar melhor. O que mais reti na memória foi a enorme confusão de trânsito em hora de ponta, quando entrei na cidade por Chamartin e depois conseguir encontrar a saída correcta para Salamanca que demorou para aí umas três horas...
Saudações!
Pois que só hoje tive oportunidade de ver com mais calma este teu refúgio... e estou encantada!!! Depois de ler o relato da saudosa viagem a Madrid, mais encantada fiquei... sou fã incondicional da tua escrita, mas isso tu já sabes... estou à espera de algo mais palpável, com muitas páginas de frase que me façam gargalhar como só tu consegues...
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