sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Mia Couto


É sem dúvida um dos meus escritores preferidos. O primeiro livro da sua autoria que li chama-se "Cada Homem É Uma Raça" e adorei. Depois desse vieram os outros todos e não são poucas as vezes em ofereço títulos deste senhor aos meus amigos. Uma escrita inventiva, onde as palavras (re)nascem e ganham um novo brilho e sentido. Uma escrita onde se relatam tradições, crenças, histórias e estórias moçambicanas, onde cada página pode ser uma lição melhor do que aquelas que se aprendem nos bancos de escola. Conheço todos os seus livros de prosa e cada novidade entra cá em casa quase ao mesmo tempo que sai da gráfica. Somos fãs incondicionais. Até hoje desconhecia que também tinha passado pela poesia. A revista VISÃO tem como opção de compra, desde há três semanas, um livro. Esta colecção tem um pormenor interessante e original: abrange a poesia e a prosa de cada autor no mesmo livro. Portanto foi com curiosidade que hoje abri o livro directamente nas páginas de poesia até porque a prosa desta semana já eu li mais que uma vez e é uma história lindissíma. Logo no primeiro poema fiquei rendida e já estão quase todos lidos. Aqui deixo o primeiro poema, pelo qual me apaixonei de imediato, do grande Mia Couto

Identidade

Preciso ser um outro

para ser eu mesmo


Sou grão de rocha

Sou o vento que a desgasta


Sou pólen sem insecto


Sou areia sustentando

o sexo das árvores


Existo onde me desconheço

aguardando pelo meu passado

ansiando a esperança do futuro


No mundo que combato

morro

No mundo por que luto

nasço

Setembro 1977**

Saudações virtuais

** Raiz de Orvalho e Outros Poemas, Mia Couto, Editorial Caminho, SA, Fevereiro de 2009



2 comentários:

Elora disse...

Eu sei que sou parva, mas apetece-me dizer que Couto é nome de gato... Ou então de pasta de dentes.

Anónimo disse...

Lindo!

A descobrir... prosa e poesia.

Jinhos***