segunda-feira, janeiro 11, 2016

Blue Monday and a great party up there

Todos os dias dou os bons-dias às pessoas, que conheço, com quem me cruzo. Desde que existe o Facebook esse ato de boa educação permite-me fazê-lo a um leque mais alargado de gente e, com a ajuda da internet, com frases mais ou menos engraçadas consoante o dia da semana e até o meu estado de espírito. Normalmente são frases irónicas referentes à hora matinal a que sou forçada a acordar para ir trabalhar; definitivamente não sou uma morning person, pelo menos, de mornings muito earlies

Todavia, hoje o acordar foi diferente e não houve espaço nem tempo para ironias matinais. Hoje eu, e o mundo, acordámos (alguns ter-se-ão deitado, depende do meridiano em que se vive) com a notícia choque de que o Camaleão da música foi cantar para outras bandas e que a puta da doença ganhou. Mais uma vez. David Bowie um dos mestres da música foi vencido numa batalha inglória em que o mal teima em ganhar e o bem vai, apenas, ganhando. A perda é grande para o mundo da música, pois desaparece uma figura incontornável do panorama internacional musical: um génio que inovou e que nunca teve medo de arriscar. E não teve medo até ao fim. Como fiquei a saber pelas palavras de Carlos Vaz Marques, no FB: 

"Há três dias comovi-me ao ouvir, no Spotify, o novo disco de David Bowie. Foi um instante muito breve. O disco é magistral e o prazer da música sobrepôs-se, enquanto o ouvia, a quaisquer outras considerações. Mas por um brevíssimo instante senti que o que estava a ouvir não era importante apenas do ponto de vista musical. Estava a testemunhar o vigor criativo de um homem que já mudara a música popular por diversas vezes e que, no dia em que fazia 69 anos, lançava um disco em que, uma vez mais, não se repetia. Bowie ouviu uns músicos de jazz num pequeno clube nova-iorquino e uns dias depois convidou-os a trabalharem com ele. Em suma, em vez de olhar para trás, olhava em frente, arriscava, recomeçava o caminho, como Sisífo. Comoveu-me brevissimamente essa lição de que é necessário a cada momento reinventar o modo como se empurra a pedra, montanha acima. Sabemos agora: ele tinha um cancro em estado terminal e estava a fazer o que deve ser feito quando se está vivo. Sem complacências. Agora compreendemos melhor os versos da canção Lazarus: Look up here, I'm in Heaven, / I've got scars that can't be seen."

Esta manhã o que escrevi foi: "Ora bolas! Hj não há piadola matinal por ser segunda-feira. Hoje há o choque de acordar com esta notícia. Não sou a sua maior fã, mas sou admiradora do seu trabalho. Ora bolas! E vítima da puta da doença." E, imediatamente, me lembrei da música de Bowie que sempre foi a minha preferida. 

David Bowie - Blue Jean

Depois vieram as minhas memórias musicais dos anos 80, do século XX, e das muitas matinés na Danceteria lá da terra a dançar até que os pés me doessem. Coisa que nunca aconteceu. E lembrei-me de músicas mais antigas que fui aprendendo a ouvir pela voz deste grande senhor que sempre soube surpreender e nunca dececionou. E fui sendo lembrada pelos meus amigos de outras grandes obras musicais que tão bem interpretava, o que me levou a constatar que: "E, de repente, eu, que como já referi hoje, que não sou a maior fã de Bowie começo a perceber, através das publicações dos meus amigos, que há muitas mais canções dele que conheço do que aquilo que pensava. Pena que seja nestas circunstâncias... De qualquer forma que bom (re)ver e (re)ouvir música de grande qualidade." E no meio das memórias todas, e obviamente, das minhas não poderia faltar de forma alguma a grande canção que é "oh, oh, oh, oh":

David Bowie - China Girl

E pelo passeio de memórias, de visionamentos e de audições que esta segunda-feira me está a trazer, aquilo que me ocorreu foi: que ganda festa que está a haver lá em cima.


Queen & David Bowie - Under Pressure

Descansa em Paz, Camaleão...

David Bowie
1947jan08 - 2015jan10

Saudações camaleónicas...

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