domingo, julho 31, 2016

De dias felizes e memórias inesquecíveis

À Ângela, à Eva, à Patrícia (minha eterna BFF), ao Renato, ao Valter e à D. Manuela (normalmente não coloco aqui nomes, mas abro uma exceção para pessoas especiais, muito especiais)


Se um dia me tivessem dito que iria trabalhar com crianças e adolescentes e iria adorar teria rido na cara das pessoas e fechado ali o assunto. No entanto, a experiência aconteceu e foi das mais gratificantes que vivi até hoje. Tudo começou há cerca de 5 anos numa tarde de setembro. Uma entrevista, para uma vaga repentina, e zás o lugar ficou para mim. Juntei-me a uma equipa já existente onde já estavam a minha Ângela e a minha Eva. Eram para aí uns 50 putos, a partir dos 10 anos. Aquilo que ao príncípio me pareceu a maior confusão do mundo e um cenário caótico depressa entrou na ordem assim como rapidamente aprendi os nomes de todas aquelas criaturas com quem me passaria a cruzar todas as tardes. Sim, era um part-time mal pago e a recibos verdes, mas para quem tinha estava há 3 anos em casa a procurar trabalho foi uma benção dos Céus. 

Passaram por lá vários colegas, mas os citados acima foram os que realmente me marcaram. Foram as minhas pessoas nos momentos mais complicados e foram também as minhas pessoas nos momentos mais felizes. Foi com eles que aprendi muito do que ali fiz e foi com eles que construi o projeto onde nos orgulhámos, e muito, de trabalhar. 

Depois há as inúmeras crianças e jovens que passaram pela minha vida nestes anos. Todos diferentes e todos especiais. Uns mais especiais que outros. É inevitável. Há gente mais pequena que se transformou em gente maior e que um dia serão adultos que ficarão para sempre no meu coração azul. E não há como não falar do "Grupo das Malucas" no qual a minha afilhada mais nova também está inserida. Miúdas lindas e puras. De muito bom coração. Com princípios, valores e amigas dos seus amigos. Atentas e críticas qb. Espetaculares. São as que espero nunca se esqueçam de mim, porque eu sei que jamais me esquecerei delas e da boa influência que tiveram na minha vida.

E há esta sensação de saber que influenciei, pelo menos uma centena, de vidas de miúdos e jovens que por se terem cruzado comigo levam um pedaço da minha pessoa com eles. A bem ou a mal eu estive presente na vida deles. Apliquei castigos, ajudei nos trabalhos de casa, dei explicações, joguei ao uno, "ao nomes-países", "ao olho do c*", cantei no singstar, fiz castelos na areia, dei mergulhos na praia, escorreguei para a piscina, fiz noitadas e dei a mão às mais pequenas quando tinham medo do mar que mal lhes passava os tornozelos. Ahhh foi bom, foram momentos muito bons que para sempre marcarão a pessoa em que me tornei depois desta experiência.

Mas tudo tem um fim e a minha colaboração com os mais novos terminou na sexta-feira, 29 de julho de 2016. E, infelizmente, tenho que dizer: Graças a Deus que acabou. Mas afinal se foi tudo tão bom, porque é que ficas aliviada com o final, Blue? Porque há cerca de um ano para cá as premissas mudaram, a equipa foi praticamente toda alterada, a minha presença passou a ser secundária e eu pude dedicar-me com mais cuidado e atenção a um outro projeto da instituição para onde trabalho e do qual também gosto muito, mas noutra área. Passei a estar a meio gás com os mais novos, mas sempre atenta principalmente porque "as minhas " ainda lá estavam e muito reclaramaram a minha presença que tentei sempre manter. O mais que pude. Mas a nova equipa parecia saída de um filme de bruxas más, de gente que só veio baralhar, estragar e fazer mal a algo bom. Fui-me afastando e após as férias da Páscoa deste ano pedi, sim pedi, à minha chefia direta para largar aquela valência da instituição até porque trabalho numa outra não me faltava. Já não estava identificada com nada do que ali se passava: métodos de estudo (quais?), desarrumação (péssimo quando se trabalha com malta nova), gritaria sem necessidade (quando não é isso que os educa); enfim, aquilo além de já não ter as minhas pessoas ficou caótico e as queixas das "minhas meninas" não paravam de chegar a mim. Devido aos poucos recursos humanos existentes comunicaram-me que teria de ficar até ao fim de julho. E fiquei, porque as chefias falam mais alto e porque, esta minha chefia em questão, merece todo o meu respeito e consideração. Não bati o pé e fiz o sacrifício de acompanhar o enterro de de algo que um dia foi bom. e ouvi muitas queixas de gente nova que encaminhei sempre para quem de direito e a quem disse sempre "vão falar com a bruxa e digam-lhe isso". (Claro que não usava a palavra bruxa, certo? Só a uso aqui.) E moças e moços lá andavam cansadas e fartas "daquilo" como passaram a chamar ao sítio para onde iam diariamente após as aulas. 

Se por um lado estou aliviada, porque já não havia qualquer identificação com o projeto, por outro estou triste porque ali vivi momentos extraordinários. Mas os tempos mais recentes foram sendo cada vez piores e a bagunça ao nível de organização de atividades e de espaço atingiu proporções inimagináveis. Eu, que não sei trabalhar no meio da desorganização, andava desesperada com a chegada do final do mês de julho. Chegou, finalmente! É triste que algo de bom se tenha transformado em algo de mau. Mas agora estou livre para outros voos e para outros projetos. Aquele fica nas mãos em que fica. A ver vamos, neste caso, como diz o cego. Já não tenho que me preocupar. Mesmo!


Foi-me oferecido, por um dos meus meninos, há dois anos. Anda sempre comigo e vai marcar para sempre estes anos de alegria.

Saudações virtuais



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