Quatro dias. Quatro dias de descanso. De lazer. De convívio em família. Com amigos. De praia. De passeio. De boa disposição. De boa comida. Pouca que agora sou um pisco a comer. De futebol, que um Euro é sempre um Euro (e amanhã é que começa a festa mais a sério). Enfim, quatro dias que tinham tudo para correr bem e para ter muitos mais sorrisos. E muitos mais não teve porquê? Porque com tudo o que têm, de bom e de mau, as redes sociais invadem-nos a vida e as notícias nas televisões também. Bem sei que, por defeito da minha pessoa e de profissão, tenho necessidade de estar sempre informada e em cima dos acontecimentos, mas, por vezes, não seria melhor desligar tudo? Será que na ignorância viveríamos melhor?
Quando peço que o mundo pare e me deixem sair acrescento que me deixem ir com as minhas pessoas e sigam neste mundo louco aqueles que querem ir mais longe e sabe-se lá até onde. Eu, confesso, fico triste com as realidades diárias que me entram pelos olhos dentro e é por isso que quero sair e já. Senão vejamos:
- há pessoas que assistem a uma cena de sexo, num local público, na qual há uma criança sentada mesmo ao lado. E que fazem essas pessoas? Um filme, segundo consta de 11 (Onze!) minutos, que depois publicam no tutubo. Mas ninguém se lembrou de chamar as autoridades e fazer queixa daqueles dois que não souberam arranjar um quarto e ainda por cima tinham uma menor mesmo ao lado a ver tudo? Mas que raio de pessoas são estas que apenas se preocupam em filmar e esquecem-se de denunicar uma situação tão grave quanto esta? Bem, pessoas é força de expressão, mas não encontro outra palavra para os designar. Quer dizer encontro, no entanto não me apetece asneirar de momento.
- Aqui há uns anos estava numa roda de amigos (amigos à época; desconhecidos hoje em dia), em casa de uns deles, e eis que o dono da casa debita estas horrendas palavras: "por mim era assim: encostavam-se os gays todos a um muro e com uma rajada de metralhadora dava-se cabo deles". Na altura senti uma chuva intensa saltar-me dos olhos e apenas consegui balbuciar: "obrigada, acabaste de me tirar uma série de Amigos. Não tenho mais palavras". Permaneci calada o resto do serão e não me fui embora, por respeito a quem tinha dado boleia e porque uma dessas pessoas tinha feito milhares de quilómetros para estar connosco. Nunca mais voltei aquela casa. O radicalismo, qualquer que ele seja, dá comigo em doida. Fiquei em choque com a crueldade com que aquelas palavras foram proferidas assim a frio. Este fim-de-semana um tarado entrou numa discoteca, em Orlando, nos States, e com várias rajadas diparou e matou e feriu várias pessoas da comunidade gay. Além do choque de toda esta situação as minhas meórias transportaram-me para aquele serão em casa daquelas pessoas. Caramba, eu já conhei "aquela" pessoa e sei que "aquela" pessoa existe. Bolas! Que dor e que desilusão. Que crueldade!!! Que bestas!!! Então mas agora, como diz o meu Vicente Alves do Ó, não se pode ter liberdade religiosa ou liberdade de amar quem se quer pois corremos o risco de levar com um balázio na testa disparado por um louco psicopata e outras coisas que tais? A canção dizia "somos livres", mas parece-me que não somos, porque as nossas escolhas podem fazer com a nossa saída deste mundo seja precoce, trágica e do mais injusta possível.
Estou em choque com a frieza, a crueldade e loucura que prolifera por este mundo que, efetivamente, começo a ter de concordar é realmente do mais cruel que há.
É isto: podem parar o mundo que eu quero sair aqui. Não estou preparada para mais crueldade e mais desumanidade. Não estou!
Saudações virtuais
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