terça-feira, junho 14, 2016

Podem parar o mundo que eu quero sair aqui

Quatro dias. Quatro dias de descanso. De lazer. De convívio em família. Com amigos. De praia. De passeio. De boa disposição. De boa comida. Pouca que agora sou um pisco a comer. De futebol, que um Euro é sempre um Euro (e amanhã é que começa a festa mais a sério). Enfim, quatro dias que tinham tudo para correr bem e para ter muitos mais sorrisos. E muitos mais não teve porquê? Porque com tudo o que têm, de bom e de mau, as redes sociais invadem-nos a vida e as notícias nas televisões também. Bem sei que, por defeito da minha pessoa e de profissão, tenho necessidade de estar sempre informada e em cima dos acontecimentos, mas, por vezes, não seria melhor desligar tudo? Será que na ignorância viveríamos melhor? 
Quando peço que o mundo pare e me deixem sair acrescento que me deixem ir com as minhas pessoas e sigam neste mundo louco aqueles que querem ir mais longe e sabe-se lá até onde. Eu, confesso, fico triste com as realidades diárias que me entram pelos olhos dentro e é por isso que quero sair e já. Senão vejamos:

- há pessoas que assistem a uma cena de sexo, num local público, na qual há uma criança sentada mesmo ao lado. E que fazem essas pessoas? Um filme, segundo consta de 11 (Onze!) minutos, que depois publicam no tutubo. Mas ninguém se lembrou de chamar as autoridades e fazer queixa daqueles dois que não souberam arranjar um quarto e ainda por cima tinham uma menor mesmo ao lado a ver tudo? Mas que raio de pessoas são estas que apenas se preocupam em filmar e esquecem-se de denunicar uma situação tão grave quanto esta? Bem, pessoas é força de expressão, mas não encontro outra palavra para os designar. Quer dizer encontro, no entanto não me apetece asneirar de momento.

- Aqui há uns anos estava numa roda de amigos (amigos à época; desconhecidos hoje em dia), em casa de uns deles, e eis que o dono da casa debita estas horrendas palavras: "por mim era assim: encostavam-se os gays todos a um muro e com uma rajada de metralhadora dava-se cabo deles". Na altura senti uma chuva intensa saltar-me dos olhos e apenas consegui balbuciar: "obrigada, acabaste de me tirar uma série de Amigos. Não tenho mais palavras". Permaneci calada o resto do serão e não me fui embora, por respeito a quem tinha dado boleia e porque uma dessas pessoas tinha feito milhares de quilómetros para estar connosco. Nunca mais voltei aquela casa. O radicalismo, qualquer que ele seja, dá comigo em doida. Fiquei em choque com a crueldade com que aquelas palavras foram proferidas assim a frio. Este fim-de-semana um tarado entrou numa discoteca, em Orlando, nos States, e com várias rajadas diparou e matou e feriu várias pessoas da comunidade gay. Além do choque de toda esta situação as minhas meórias transportaram-me para aquele serão em casa daquelas pessoas. Caramba, eu já conhei "aquela" pessoa e sei que "aquela" pessoa existe. Bolas! Que dor e que desilusão. Que crueldade!!! Que bestas!!! Então mas agora, como diz o meu Vicente Alves do Ó, não se pode ter liberdade religiosa ou liberdade de amar quem se quer pois corremos o risco de levar com um balázio na testa disparado por um louco psicopata e outras coisas que tais? A canção dizia "somos livres", mas parece-me que não somos, porque as nossas escolhas podem fazer com a nossa saída deste mundo seja precoce, trágica e do mais injusta possível. 
Estou em choque com a frieza, a crueldade e loucura que prolifera por este mundo que, efetivamente, começo a ter de concordar é realmente do mais cruel que há.
É isto: podem parar o mundo que eu quero sair aqui. Não estou preparada para mais crueldade e mais desumanidade. Não estou!



Saudações virtuais

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